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Estilo Old School


Quem acompanha as últimas coleções de marcas como a Vans e a Sumemo ou quem está a par dos novos lançamentos de models de shapes com os nomes de Tony Alwa e Jay Adams – ambos skatistas da década de 1970 , sabe que nos últimos anos está havendo um resgate da história do skate. 



Atualmente é cada vez mais comum ver grandes empresas do segmento apostar no estilo oldschool ou encontrar decks inspirados em modelos antigos ocupando lugar de destaque nas skateshops. Mas, para entender essa fascinação pelo lifestyle dos anos 1970, precisamos conhecer quem foram os precursores do skate daquela época, e descobrir o porque deles ainda serem capazes de influenciar toda uma cena até hoje.







Z-boys – A origem do skate


Na década de 1970, o Estado da Califórnia (EUA) passou por uma seca – causada pela escassez de chuvas – ,  fazendo com que as pessoas esvaziassem as piscinas de suas casas para racionar água. Com isso, alguns surfistas da costa de Venice beach, que também andavam de skate em dias com poucos swells, notaram que poderiam deslizar nas transições daquelas piscinas da mesma forma que faziam nas ondas, dando origem ao  pool rinding, modalidade que precedeu o Bowl e o Half-Pipe. 

Em pouco tempo, Venice  já estava tomada por um bando de garotos fissurados em adrenalina, que invadiam o quintal das casas da região e dropavam naquelas piscinas vazias com seus boards, transformando o local em um palco para um espetáculo de manobras até então inéditas, como frontside e backside air. 

Em meio a essa leva de novos skatistas que surgia na Califórnia, estava um grupo de adolescentes de Dogtown (bairro de Santa Mônica) que revolucionaram a forma de andar sobre quatro rodinhas, o famoso Z-boys ou Z-team –  equipe patrocinada pela surfshop Zerphys.

Formada por Jay Adams, Tony Alva, Stacy Peralta e mais dez integrantes, os Z-boys se destacavam por fazer do carrinho uma extensão do surf nas ruas, o que dava a eles um estilo único, muito diferente de tudo que já havia sido apresentado. Jef Ho, dono da Zerphys, sabendo do potencial daquela molecada, e o que eles eram capazes de fazer, logo os recrutou para representar sua loja nos campeonatos de skate que estavam rolando nos Estados Unidos. Porém, as competições da época não estavam preparadas para os Z-boys, que eram muito superiores aos outros competidores. O público se abismava com o estilo dos garotos e, principalmente, com o nível de suas manobras, que muitas vezes deixavam os jurados sem critérios para avaliá-las.

A partir daí , o skate evoluiu, ganhou visibilidade na mídia e começou a se tornar o esporte que é hoje. Algo que talvez não tivesse acontecido sem os lendários skatistas de Dogtown.



Os Z-boys se separaram ainda nos anos 1970, porém nunca foram esquecidos. Stacy Peralta, que atualmente trabalha como diretor de cinema, dirigiu o documentário que conta como foi toda a trajetória da equipe, o “Zboys&Dogtonw: onde tudo começou” (2001), que  mais tarde daria origem ao filme “Lords of Dogtown” (2005), do qual Peralta foi roteirista. 

Os integrantes da formação original do Z-team eram: 

Jay Adams, Stacy Peralta, Tony Alva, Shogo Kubo, Bob Biniak,David Ray Perry, Nathan Pratt,Jim Muir, Allen Sarlo, Chris Cahill, Paul Constantineau,  Wentzle Ruml e a única menina do grupo Peggy Oki.


                                     
                                                        
Stacy Peralta



Considerado um dos melhor skatistas da época, Peralta sempre foi muito dedicado ao skate. Foi ele quem criou o lapper (peça de metal preza ao truck que o faz deslizar com mais facilidade sobre o coping). Depois que saiu do Z-boys, fundou com seu amigo George Powel a Powel & Peralta, uma das maiores marcas de skate do mundo.

O ex-Z-boy começou a trabalhar com direção filmando o  "The Bones Brigades Video Show", da equipe bones brigade, e  logo pegou gosto pela nova profissão, deixando a sociedade que tinha com Powel para se dedicar somente ao cinema.

Stacy Peralta dirigiu os documentários: “Z-boys&Dogtwn - onde tudo começou” (2001); ”Riding giants”  (2004); escreveu o roteiro do filme “Lods of dogtown” ( 2005); e dirigiu o   Bloods Crips ( 2010), documentário que fala sobre as gangues de Los Angeles.
Este ano lançou um filme sobre a histórica equipe “Bones brigade”.



Tony Alva – 



Tony Alva, criador do forntside air  e  o primeiro campeão mundial de skate em 1977, se destacava dos demais skatistas da época pela a agressividade e velocidade de suas manobras. Saiu do Z-team na mesma época que Peralta e fundou, no início dos anos 1980, sua própria marca, a Alva skates.
Em 1983 foi baixista da banda de rock Skoundrelzs, a qual montou junto com Mike Ball (ex- guitarrista do Suicidal Tendencies). A banda chegou a gravar  um Ep  e teve participação do primeiro volume das compilações da revista Thrasher, mas chegou ao fim em 1987.

Atualmente Alva divide seu tempo entre várias atividades, pois, além de skatista e surfista nas horas vagas, ele  é empreendedor, designer de shapes e possui um espaço cultural em Los angeles, chamado Exhibit A Gallery. 

Há dois anos, Alva desembarcou em terras brasileiras para participar da “Vans Legends Tour Brazil”. Além da Vans, a lenda viva do skate também conta com o  patrocínio da marca Independent.

Jay Adams


Jay Adams era considerado por muitos o mais habilidoso do z-team, no entanto, o mais rebelde também. Pois, ao contrário de Tony alva – considerado o primeiro skatista popstar da história   , Jay desprezada a fama e virava as costas para o  mercado milionário do skate.

A história conturbada do insano e extremamente talentoso Jay Adams envolve tráfico de drogas, violência e várias temporadas na prisão. A primeira delas aconteceu aos 19 anos de idade,  quando se meteu em uma briga na saída de um show de punk rock que resultou na morte de um rapaz    fato que o fez pegar seis meses de prisão.

Após cumprir pena, o skatista decide se mudar para o Havaí, onde começa a vender drogas com seu irmão mais velho. Foi nessa época que sua vida começou a se desmoronar. 
Jay se afunda cada vez mais nas drogas, se separa da mulher e perde a guarda de seu filho ainda recém-nascido. Alguns anos depois, como se não bastasse, seu irmão é assassinado por uma gangue mexicana, e sua mãe falece logo em seguida, vítima de um câncer. 

Sem família e longe do filho, ele é preso outra vez por agressão, sendo condenado a 15 dias de prisão, com cinco anos de condicional. Esta que foi quebrada um tempo depois ao ser pego com heroína em uma blitz policial – resultando em mais 3 anos de reclusão.

O ex-Z-boy casca grossa sai da cadeia em 2001, ano que é lançado o documentário “Lords of dogtown”, fazendo a mídia procurá-lo novamente. A partir daí, surgem novos patrocínios e sua vida parece começar a entrar nos eixos. Porém, por incrível que pareça, alguns anos depois ele é condenado novamente. Desta vez,  a dois anos e meio por estar envolvido em uma grande negociação de metanfetamina. 

Contudo, Jay decide utilizar essa última temporada na prisão para se livrar definitivamente das drogas e levar uma vida normal. E ele cumpre a promessa. Após um tempo, o skatista se liberta do vício e surpreende a todos ao se converter ao cristianismo. 

Desde que saiu da prisão, em 2008, o novo e reabilitado Jay Adams participou de vários projetos: foi protagonistas do documentário intitulado  "D.O.P.E", usando sua história como exemplo para uma campanha anti-drogas; participou do filme da  Tribal gear (Jay Adams X Tribal Gear Collaboration),marca que também lançou um model de shape assinada por Jay; e, recentemente, teve sua imagem estampada nas camisetas da marca brazuca Sumemo.

Fontes:
www.thronnsk8mag.com
www.almasurf.com.br
Revista Trip


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